Setembro pode registrar chuvas abaixo da média

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Foto: Divulgação

Tempo seco deve predominar na maior parte do mês

Pesquisadores apontam que o inverno está próximo do fim e o prognóstico é de que a primavera, que normalmente é uma estação chuvosa, seja mais seca este ano. Em setembro, chuvas podem ocorrer em algumas áreas da região sudeste, mas o tempo seco deve predominar na maior parte do mês.

As condições de neutralidade permanecem e continua a possibilidade do desenvolvimento de um fraco evento La Niña no próximo verão. Confira a análise dos pesquisadores Williams Ferreira* (Embrapa Café/Epamig) e Marcelo Ribeiro** (Epamig).

Condições ENSO (El Niño-Southern Oscillation)

As condições de resfriamento do Oceano Atlântico sugerem a baixa possibilidade do desenvolvimento de fenômeno La Niña entre o final da primavera e o início do verão. Caso isso ocorra, deverá ser de fraca intensidade, não afetando os padrões de circulação atmosférica do Brasil.

Chuva nos próximos meses

Em setembro é esperado o início da estação chuvosa para a toda a região sudeste e centro-sul do Brasil. Apesar da possibilidade de ocorrência, ao longo do mês, de chuvas de pequeno volume, as precipitações poderão permanecer um pouco abaixo da média nos estados do Mato Grosso do Sul e em São Paulo, e também nas regiões cafeeiras do Sul de Minas e das Matas de Minas.

Em outubro, as chuvas poderão ocorrer com maior frequência em São Paulo e em Minas Gerais (Triângulo Mineiro, Oeste e Sul de Minas), todavia, na parte mais ao norte do estado, nos vales do Jequitinhonha, Mucuri e na região do Rio Doce, o tempo deve continuar seco.

Na região do Matopiba (um acrônimo formado com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e em todo o sul do Brasil, o tempo seco também poderá persistir. Em novembro aumenta a probabilidade de ocorrência de chuvas em Rondônia e no leste do Mato Grosso do Sul, bem como em todo o estado de Minas Gerais, com exceção do Vale Mucuri e da parte mais extrema do Sul de Minas.

Ainda em novembro, as chuvas devem ocorrer com maior intensidade e frequência em Goiás, principalmente na parte central do estado, e no Distrito Federal, bem como na região sudoeste do Piauí, na parte oeste de São Paulo e na região do Matopiba. Neste mês, chuvas esparsas são esperadas para todo o estado do Mato Grosso.

Se for considerada a ocorrência de chuva ao longo do trimestre setembro, outubro e novembro, as chuvas poderão ficar um pouco acima da média somente na parte norte da região das Matas de Minas, no Vale do Rio Doce e na região central mineira. Destaca-se que na região central do Mato Grosso do Sul e na região do Matopiba, em média, o trimestre será mais seco.

Temperatura nos próximos meses

A temperatura atmosférica entre setembro, outubro e novembro poderá ficar pouco acima da média em todo o estado de Minas Gerais, principalmente na parte mais a oeste do Triângulo Mineiro.

Em setembro, a temperatura pode ficar pouco acima da média em São Paulo e na porção oeste do estado de Minas. Já em outubro, a temperatura deve ficar acima da média em todo o Brasil e, para novembro, são esperadas temperaturas dentro da média ou pouco acima desta para Minas Gerais e toda a região litorânea entre o Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

O Café

Com a previsão de atraso na chegada das chuvas efetivas para a agricultura, ou seja, aquelas que realmente molham os solos, os cafeicultores devem se atentar para realizar um bom manejo da lavoura, uma vez que as plantas de café já vêm apresentando sintomas de estresse hídrico.

Se feito de forma adequada, o manejo favorecerá a passagem deste período mais seco, causado pelas chuvas irregulares e de baixo volume, evitando, assim, a queda de folhas e, consequentemente, baixas produtividades na próxima safra.

Como as plantas de café têm registrado altas produtividades na safra atual, motivadas pelo clima favorável, grande parte das lavouras necessitam de podas que podem favorecer as plantas, caso o período de chuvas escassas se prolongue no início do verão.

Uma atividade prática recomendada que pode ajudar a lavoura a passar por este período, que deve ser mais seco do que o normal, é a aplicação de palha do café para fazer cobertura morta, evitando assim a exposição do solo à incidência direta dos raios solares reduzindo, com isso, a evaporação. Tal ação irá aumentar a matéria orgânica do solo, ajudando na retenção de água e nutrientes. A roçagem neste período de poucas chuvas também é recomendada, pois reduz a retirada de água do solo que ocorre devido a transpiração das plantas espontâneas.

O bom estado nutricional da planta irá contribuir para a lavoura passar por este período de possível estresse hídrico. A calagem neste período favorece o fornecimento de cálcio e magnésio que são elementos essenciais para as plantas. O cálcio confere resistência às plantas por sua função estrutural nas paredes celulares, regula a permeabilidade das membranas e aumenta a resistência das paredes celulares, evitando assim a perda de água das plantas, bem como proporciona maior proteção à infestação do bicho mineiro, comum nestes períodos. Finalmente, o uso de irrigação, quando disponível, pode também favorecer a lavoura neste período de estresse hídrico.

A análise e o prognóstico climático foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente, daqueles atuantes na América do Sul. Considerou-se também as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA, Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade (IRI), Met Office Hadley Centre, Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo (ECMWF), Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (Divmet) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo Inmet (5º Disme)/ CPTEC-INPE.

O prognóstico climático faz referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas.

*Williams Ferreira é pesquisador da Embrapa Café/Epamig Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais e cafeicultura. – williams.ferreira@embrapa.br

**Marcelo Ribeiro é pesquisador da Epamig na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. mribeiro@epamig.br

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