O dólar engatava queda de mais de 1% contra o real nesta quinta-feira, depois de ter registrado leves ganhos nos primeiros negócios do dia, refletindo a reação dos investidores a comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a intervenção do BC nos mercados.
Na tarde de quarta-feira, Campos Neto afirmou que a autarquia tem espaço amplo para a venda de reservas internacionais e poderá aumentar sua atuação no câmbio se considerar necessário.
Segundo analistas, a sinalização do BC ajudava a pressionar a moeda norte-americana, que havia sido negociada em alta nos primeiros minutos após a abertura diante de menor apetite por risco no exterior.
“A declaração do Campos Neto mencionou que o Banco Central tem instrumentos pra atuar de maneira mais pesada na moeda”, explicou Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haitong, dizendo que o BC pode evitar uma dinâmica excessivamente negativa do real.
Mas, segundo Serrano, a atuação da instituição daqui para frente “depende muito da dinamica de mercado. O BC tem atuado de maneira clara: só intervém quando há movimentos exagerados”.
Em meio a cenário de juros baixos, incertezas econômicas e tensões políticas domésticas, o dólar acumula alta de quase 40% contra o real no ano de 2020, e chegou a ficar a poucos centavos de superar 6 reais na semana passada. O BC fez intervenções pontuais nos mercados diante desse ambiente, mas alguns analistas dizem que foram medidas muito limitadas.
Nesta quinta-feira, o Banco Central ofertará até 12 mil contratos de swap tradicional com vencimento em setembro de 2020 e fevereiro de 2021 para rolagem.
Embora o foco continuasse no BC, os investidores também estavam atentos aos novos desdobramentos na retórica entre Estados Unidos e China e a dados que mostraram nova alta nos pedidos de auxílio-desemprego na maior economia do mundo.
No Brasil, a política segue sob os holofotes à medida que os mercados esperam a decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a divulgação de vídeo de reunião que poderia comprometer o presidente Jair Bolsonaro, num momento em que a impopularidade do governo está em máximas recordes.
Às 10:23, o dólar recuava 1,50%, a 5,6050 reais na venda. O dólar futuro de maior liquidez perdia 1,55%, a 5,608 reais.
No último pregão, o dólar negociado no mercado interbancário fechou em queda de 1,23%, a 5,6902 reais na venda. (Reuters)