Contrato futuro de café permitirá entrega física, com lotes armazenados em armazéns credenciados pela bolsa brasileira
A B3, bolsa de valores brasileira, dará início nesta segunda-feira, 23, à negociação do contrato futuro de café robusta. O Brasil, maior produtor global de café, é responsável por 40% da produção mundial, seguido pelo Vietnã – as duas principais espécies cultivadas são o arábica e o canéfora (conilon ou robusta).
No país, o Espírito Santo é o principal estado produtor de café robusta, com cerca de 70% da produção nacional. Com a nova ferramenta, produtores, cooperativas, comercializadoras e indústrias podem se proteger contra a volatilidade dos preços do mercado, fixando valores para negociações futuras do café, diz Marielle Brugnari, head de produtos de commodities da B3.
Desde dezembro do ano passado, os preços do café dispararam por causa da quebra de safra causada por problemas climáticos tanto no Brasil quanto no Vietnã. O aumento no preço do robusta é muito mais significativo do que a elevação no preço do café arábica, por causa da concentração dele usada no país para fazer o café tradicional.
Como o Brasil tem exportado muito café robusta para suprir a falta de café do Vietnã, o preço interno desse café também está subindo.
“Com este lançamento, buscamos atender a demanda do mercado por um derivativo que ofereça maior proteção contra flutuações inesperadas”, afirma Brugnari.
O contrato futuro de café permitirá entrega física, com lotes armazenados em armazéns credenciados pela B3 – as negociações ocorrerão com grãos crus, em contratos que correspondem a 100 sacas de 60 kg, com vencimentos em janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro.
No mercado futuro, os contratos são acordados para a entrega em uma data posterior, sem troca imediata de produto. Por outro lado, no físico, a transação é concluída com a troca imediata do produto por dinheiro.
Diferentemente do café arábica, o contrato de café conilon/robusta terá cotação em reais, e não em dólares. “Entendemos que faz mais sentido para o conilon ter negociação em reais, já que a maior parte da produção é destinada ao mercado interno, ao contrário do café arábica, que é voltado para exportação”, explica Brugnari.
Safra de café 2024/25
O Brasil deve colher 69,9 milhões de sacas de café na safra 2024/25, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Deste total, 48,2 milhões de sacas serão de café arábica e 21,7 milhões de café robusta.
As condições climáticas afetaram parte da safra, com temperaturas elevadas no final do ano passado causando a queda de algumas cerejas durante o desenvolvimento dos frutos. No entanto, chuvas subsequentes ajudaram na fase final de maturação, proporcionando rendimentos melhores.
Nas exportações, o Brasil deverá embarcar 42,5 milhões de sacas, um aumento de 1 milhão de sacas em relação ao ciclo anterior – o USDA também projeta um crescimento nos estoques, que devem atingir 3,5 milhões de sacas, um incremento de 700 mil sacas. (Exame Agro)