O resultado foi em uma receita de US$ 393 milhões, o equivalente a 29,9% da arrecadação total das exportações de café em janeiro
O Brasil exportou 3,977 milhões de sacas de café em janeiro, queda de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2024, quando os embarques somaram 4,042 milhões de sacas, segundo o relatório mensal do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Apesar da leve retração no volume, a receita cambial disparou 59,9%, saltando de US$ 823 milhões para US$ 1,316 bilhão.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, avalia o resultado como positivo diante do período de entressafra e gargalos logísticos que ainda afetam os embarques. “O aumento na receita reflete a valorização do café, que já vem sendo observada há um longo período”, afirma.
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Cafés diferenciados
Os cafés diferenciados — com qualidade superior ou certificações de sustentabilidade — responderam por 25,4% das exportações em janeiro, totalizando 1,012 milhão de sacas. O volume cresceu 24,5% em relação ao ano anterior.
O preço médio foi de US$ 388,35 por saca, resultando em uma receita de US$ 393 milhões – equivalente a 29,9% da arrecadação total com exportações de café. O valor é 113,1% superior ao registrado em janeiro de 2024.
Os EUA foram o maior destino desse segmento, com 206.657 sacas importadas (20,4% do total). Bélgica (13,4%), Alemanha (13,3%), Japão (6,6%) e Holanda (5,7%) completam o ranking.
Arábica X canéfora
O arábica segue como a variedade mais exportada, com 3,278 milhões de sacas, o que representa 82,4% do total. O volume recuou 0,3% na comparação anual.
Já os cafés canéforas somaram 328.074 sacas, queda de 28,9% frente a janeiro de 2024. Segundo Ferreira, o recuo reflete a maior competitividade do robusta vietnamita desde novembro, com a entrada da nova safra do país asiático. “Esse movimento deve continuar pelo menos até maio, quando colhemos nossa safra de conilon e robusta”, explica.
Entre os industrializados, o café solúvel registrou avanço de 24,8%, atingindo 365.598 sacas e respondendo por 9,2% das exportações. Já o segmento de torrado e moído, embora tenha participação marginal (0,1%), teve crescimento expressivo de 156,6%, totalizando 4.968 sacas.
Bélgica e Alemanha reduzem demanda
Os Estados Unidos seguem como o principal destino do café brasileiro, com 713.348 sacas importadas (+3,1%), o que representa 17,9% do total embarcado.
Na segunda posição, a Alemanha comprou 457.569 sacas, mas registrou forte queda de 35%. A Bélgica, que importou 206.283 sacas, também reduziu as aquisições em 50,4%. Por outro lado, Itália (+31,2%) e Japão (+15,5%) ampliaram suas compras.
Apesar da perda de competitividade do robusta brasileiro, as exportações para Vietnã (+387,2%) e Indonésia (+95,3%) cresceram. Ferreira explica que esses embarques referem-se a contratos fechados em meados de 2024, quando o café nacional era mais competitivo. “Esses lotes já deveriam ter saído do Brasil, mas os atrasos nos portos impediram o embarque de 1,8 milhão de sacas no ano passado”, diz. A tendência, segundo ele, é de queda nos próximos meses.
O porto de Santos manteve a liderança nas exportações, movimentando 2,996 milhões de sacas, o que corresponde a 75,3% do total.
O complexo portuário do Rio de Janeiro exportou 834.220 sacas (21%), enquanto o Porto de Paranaguá respondeu por 35.995 sacas (0,9%).
Exportações batem recorde
De julho de 2024 a janeiro de 2025, as exportações brasileiras totalizaram 30,147 milhões de sacas, gerando US$ 8,522 bilhões em receita. O desempenho representa altas de 11,3% em volume e 60,3% em valor frente ao mesmo período do ciclo 2023/24.
O resultado é o maior da história para o intervalo de sete meses e foi impulsionado pelo avanço dos embarques de café verde e industrializado, especialmente solúvel. (Café Point)