Confira os mitos e verdades sobre a cultura. Falta de conhecimento técnico leva produtores agrícolas a equívocos relacionados ao cultivo da espécie
É comum ouvir produtores afirmarem que não querem investir no plantio de eucalipto porque ele “seca e empobrece o solo”, o que criaria uma espécie de deserto verde na área. Mas será que essa afirmação é verdadeira?
A questão de se as florestas de eucalipto secam o solo tem sido alvo de diversos debates e estudos. A ideia de que o eucalipto “seca e empobrece o solo” é um mito comum, mas especialistas e estudos indicam que essa afirmação não é verdadeira. De acordo com o engenheiro agrônomo e consultor AGRO Bruno Motta, os plantios de eucalipto formam, com o passar do tempo, uma cobertura morta no solo, que ajuda a reter e na infiltração gradativa da água da chuva. “Uma parte dessa água é absorvida pelas raízes das plantas de eucalipto, enquanto o restante infiltra no solo e vai para o lençol freático, abastecendo os córregos, nascentes e rios. Além disso, áreas de plantio de eucalipto são cobertas por folhas e matéria orgânica em decomposição, o que também contribui para uma ciclagem de nutrientes no solo”, afirma Motta.
Em relação à retirada de nutrientes do solo, Motta diz que as áreas de plantio são cobertas por folhas e matéria orgânica em processo de decomposição. “Hoje, o manejo adequado das florestas envolve uma grande nutrição e tem uma ciclagem muito forte de nutrientes que estão em uma profundidade de até dois metros. Eles são retirados e levados até as folhas. Posteriormente, são devolvidos ao solo”, conta.

No entanto, é importante notar que florestas plantadas de eucalipto ou outras espécies de rápido crescimento requerem muita água, o que pode causar conflitos em algumas situações, especialmente em regiões com pouca chuva. Os impactos sobre lençóis freáticos, pequenos cursos d’água e bacias hidrográficas, dependendo da região em que se insere a plantação, da distância entre as plantações e a bacia hidrográfica, e da profundidade do lençol freático.
Já sobre o “deserto verde”, a correção desse pensamento equivocado vem da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). De acordo com o presidente da entidade, Paulo Hartung, quando árvores são plantadas, se preservam e se recuperam florestas nativas em reservas legais e áreas de preservação permanente.
“Para cada hectare plantado, 0,7 hectare é conservado. O setor tem um impacto social, econômico e ambiental muito importante, que dialoga com a questão do clima, que é uma pauta no mundo inteiro”, afirma Hartung. Também merece destaque o fato de que, com esta preservação, são criados corredores com florestas nativas, que mantém o habitat para a fauna, fornecendo condições para abrigo e alimentação.
“Portanto, a afirmativa de que o eucalipto seca o solo não é sustentada por evidências científicas robustas e depende de uma série de fatores, como o manejo sustentável das florestas plantadas, as condições climáticas e as características do solo”, finaliza Motta. Para um entendimento mais profundo e detalhado sobre este assunto, é importante considerar a consulta a especialistas da área e a revisão de estudos técnicos e científicos na área. (Redação Revista Procampo)