Entidade aponta que o consumo do corretivo está perto de 57 milhões de toneladas anuais
O calcário agrícola é um dos instrumentos que o governo federal adotará no Plano Safra 2023/2024 para incentivar a produção ambientalmente sustentável. Taxas de juros mais baixas e novos meios acesso ao crédito para correção da acidez do solo, através do Programa de Modernização da Agricultura (Moderagro), constam do plano, anunciado no último dia 27 de junho.
Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), João Bellato Júnior elogiou as medidas. A entidade aponta que o consumo do corretivo está perto de 57 milhões de toneladas anuais. O ideal seria 70 milhões de toneladas, segundo Bellato, que acompanhou o ato de lançamento do plano e saudou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, pelas estratégias do plano.
“O ministro me pareceu muito empenhado politicamente na tarefa de engrandecer o agronegócio brasileiro. Em seu discurso, Fávaro reforçou a necessidade do uso do calcário, algo que até então, em meus 36 anos neste segmento, nunca tinha ouvido”, disse Bellato.
Em São Paulo, só 33% fazem calagem
O consumo abaixo do necessário é um desafio nacional. A Secretaria da Agricultura de São Paulo coletou dados entre 339 mil Unidades de Produção Agropecuária (UPA) no estado e comprovou a questão. Apenas 47% delas informaram que realizam análise de solo e somente 33% fazem calagem regularmente.
A análise de solo aponta as quantidades de corretivos necessárias no plantio ou na pastagem. Boa parte dos solos tropicais, como os do Brasil, apresenta acidez elevada. Sem a correção, até mesmo produtos com alto custo para os agricultores, como os fertilizantes, têm seus efeitos reduzidos.
Em parte dos casos, o problema está na falta de reaplicação. Também há novas pesquisas que reavaliam as indicações de quantidades, já que o Sistema de Plantio Direto trouxe novos parâmetros para o setor. Porém, de forma geral, a ajuda técnica é necessária, iniciando-se o processo a partir das informações que constam na análise.
O planejamento na aplicação também influencia. “O calcário é um insumo nacional e não tem o seu preço atrelado a variações do dólar. Quanto mais cedo for aplicado, terá mais tempo para reagir e corrigir o solo para o plantio e adubação, além de aproveitar um frete mais barato”, diz o engenheiro agrônomo Jairo Hanasiro, especialista em fertilidade de solos.
Contra o estresse hídrico
Jairo Hanasiro vê benefícios na correção diante das mudanças no clima. O estresse hídrico, com a falta ou irregularidade nas chuvas, afeta a produtividade. “Solos corrigidos produzem mais massa vegetal e raízes, elevam a atividade microbiana e se tornam mais estruturados, possuindo uma maior capacidade de infiltração e retenção de água”, afirma.
O planejamento na aplicação também influencia. “O calcário é um insumo nacional e não tem o seu preço atrelado a variações do dólar. Quanto mais cedo for aplicado, terá mais tempo para reagir e corrigir o solo para o plantio e adubação, além de aproveitar um frete mais barato”, diz o agrônomo.
O agricultor ou pecuarista deve atrelar os objetivos da aplicação às características do corretivo, informadas pela própria indústria. Essas caraterísticas variam em função da jazida. O calcário também pode ser usado para recuperar áreas degradadas, como as que sofrem com erosão.
Segundo o Ministério da Agricultura, produtores que estão com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e também os que adotam práticas sustentáveis serão premiados no Plano Safra. Quem usar calcário, entre outros corretivos, terá redução de 0,5 ponto percentual nos juros de custeio. A regulamentação do benefício será feita nos próximos dias.
“A indústria de calcário está pronta para atender a nova demanda. Temos capacidade de ampliar a produção em 30% com o parque industrial já instalado”, conta João Bellato Júnior. (Assessoria Abracal)