Importantes aliadas não só do produtor rural, mas de todo setor econômico, as cooperativas de crédito com atuação no Espírito Santo seguem em crescimento e o valor liberado em 2022 já supera o que foi disponibilizado por instituições privadas e públicas no mesmo período.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, apenas em 2022 o Sicoob já equalizou mais de R$ 24 bilhões em recursos para diversos programas oriundos do Plano Safra. Valor superado apenas pelo Banco do Brasil, que no mesmo período disponibilizou R$ 47.5 bilhões em todo o país. Com atuação também no Espírito Santo, o Sicred operou no período quase R$ 15 bilhões.
Estes valores estão amparados pelo recurso destinado ao crédito rural pelo governo Federal. Ao todo são R$ 340,88 bilhões, sendo R$ 246,3 BI para custeio e comercialização e R$ 94,6 bilhões para investimento
O resultado mostra com clareza a força deste segmento. Atualmente, o sistema OCB/ES conta com 28 cooperativas que atuam no setor de crédito. O Anuário do Cooperativismo Capixaba deste ano mostra que elas foram responsáveis por uma movimentação econômica de R$ 2,2 bilhões em 2021, o que representa um crescimento de cerca de 30% se comparado ao valor movimentado em 2020, que foi de R$ 1,7 bilhão.
Olhando mais de perto, observamos que nas operações de crédito as cooperativas capixabas foram responsáveis por movimentar aproximadamente R$ 8 bilhões no último ano, representando um aumento de 32% em relação a 2020 conforme indicadores divulgados também pelo anuário.
“Nas cooperativas trocamos a figura do cliente pelo de cooperado. E diferentemente dos bancos, no cooperativismo são esses cooperados os donos no negócio. Com isso, chegamos à segunda diferença: a distribuição dos lucros. Em nosso movimento, o lucro (que é denominado como sobras) não é restrito a um grupo pequeno, mas é distribuído entre todos os donos. Além disso, nas cooperativas de crédito as pessoas encontram um atendimento muito mais personalizado por conta da relação que elas criam com a comunidade onde estão instaladas. Por fim, os produtos e serviços oferecidos têm qualidade com um preço justo, com valores menores do que nos bancos tradicionais”, disse o diretor executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira.
Responsabilidade social
Com oferta de crédito, mais que negócios, sonhos são realizados. É o caso da goleira Mariana Ribeiro da Silva, de 17 anos. Por meio do projeto Esporte no Vila, realizado pelo Vilavelhense e com apoio do Sicoob, ela não só foi aprovada em uma peneira do Fluminense-RJ, como chegou à Seleção Brasileira.
Com o suporte do Sicoob, foi possível fornecer para Mariana a estrutura de treino necessário para o pleno desenvolvimento. “O apoio foi fundamental para darmos as condições materiais, não só para a Mariana treinar, bem como as demais alunas do Projeto que hoje já fazem parte da equipe principal do Vilavelhense FC na disputa do Campeonato Estadual Feminino”, disse Miguel Angelo Tres, responsável pelo projeto.
Atualmente, cerca de 80 crianças e adolescentes treinam no projeto do Vilavelhense, que atua com as categorias do sub-15 até o profissional.
“São cerca de oito treinadores atuando em três locais, além do nosso CT, treinamos no bairro Araças e na praia. Alguns ficam no alojamento, temos atletas até da África treinando aqui. É um projeto importante porque tiramos as crianças das ruas e damos a ela uma oportunidade”, declarou.
Além de Mariana, que chegou à Seleção Brasileira, outro expoente do projeto Esporte na Vila é Matheus Firmino, que virou profissional e hoje joga pelo Itabirito, de Minas Gerias. “Sou atleta profissional graças ao projeto que iniciei lá no Espírito Santo. A oportunidade é única e muda nossa realidade. Agradeço a todos que fazem esse projeto continuar”, declarou.
Em 2021, o Sicoob ES investiu um total de R$ 4,7 milhões em iniciativas de responsabilidade social, impactando direta e indiretamente 510 mil pessoas. Os projetos e iniciativas são divididos em seis eixos de atuação: Cooperativismo e Empreendedorismo, Desenvolvimento Sustentável, Cidadania Financeira, Saúde, Ações Socioambientais e Educação.
Os recursos são obtidos por meio do Fundo de Investimento Social (FIS), composto por 1% do resultado do Sicoob ES. “Estamos sempre abraçando causas que geram valor para a sociedade e que mostrem a transformação positiva propiciada pelo cooperativismo. O investimento em projetos sociais vai ao encontro do nosso ideal de participar da construção de uma sociedade mais justa e sustentável”, disse Sandra Kwak, superintendente de pessoas e responsabilidade social do Sicoob ES.
A força do crédito
Boa parte das pessoas que fazem parte de alguma cooperativa no Espírito Santo estão inseridas do ramo de crédito. São 539.388 dos mais de 610 mil registrados em 2021. “Ou seja, o primeiro contato de muitas pessoas com o nosso movimento foi por meio de uma cooperativa de crédito. Esse ramo também é o 2º maior em faturamento, com 26,1% do total da movimentação econômica de todo o cooperativismo capixaba em 2021. Além disso, essas cooperativas têm um papel muito forte em outros ramos, como no Agropecuário. Hoje o Sicoob ES, por exemplo, é o maior repassador de recursos do Funcafé e o segundo maior aplicador de crédito rural do Espírito Santo, aspectos fortalecidos pela liberação de volumes significativos de recursos durante a pandemia de Covid-19”, reforçou Carlos André.
E não é apenas dentro do cooperativismo que o Ramo Crédito mudou, mas fora também. Uma das características dessas cooperativas é estarem em localidades onde outras instituições financeiras não chegam e promover acesso a crédito que, por meio dos bancos, as pessoas não teriam. Isso ocorre porque nas cooperativas, o valor dos produtos e serviços é justo e acessível.
O agro mais forte
A carteira de crédito rural do Sicoob ES ultrapassou R$ 1 bilhão em 2022, de acordo com levantamento divulgado recentemente. A quantia engloba mais de oito mil operações ativas na instituição. Nos primeiros cinco meses deste ano, a instituição liberou cerca de R$ 208 milhões em operações voltadas ao setor.
Gerente de crédito e agronegócio do Sicoob ES, Eduardo Ton explica que a evolução da carteira rural está relacionada à valorização dos produtos agrícolas, o que aqueceu o interesse dos produtores em investir na sua produção e ampliou a segurança da cooperativa na análise do crédito.
“Os empreendedores do campo têm investido para aumentar a produtividade e a obtenção de retornos financeiros. Com essa circulação de dinheiro, há estímulo para a economia regional, para a diversificação de negócios e também para a criação de emprego e renda. É por isso que atuamos para facilitar a disponibilização destes recursos”, destaca.
Para ter acesso ao crédito, o produtor deve ser cooperado do Sicoob e atender a algumas normativas do Banco Central, como provar a posse da terra e estar com a tributação em dia (ITR).
Crescimento
Cooperativa de crédito mais antiga do Brasil com 120 anos de atuação, a Sicredi chegou há cerca de um ano no Espírito Santo. “A chegada do Sicredi no Espírito Santo foi uma conquista muito importante porque, junto com a expansão do cooperativismo de crédito, está também presente a possibilidade de crescimento local e de melhoria da qualidade de vida.
Márcio Port, presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste disse que as perspectivas para o Espírito Santo são as melhores. “Já estamos com 16 pontos de atendimento no estado e temos uma boa noção do mercado. O agronegócio está em franca expansão e depende muito do financiamento porque muitos investimentos são a longo prazo. Quando olhamos a nível nacional somos o segundo maior repassador de crédito rural. Tratamos de várias culturas sempre próximos dos pequenos e médios produtores, dando atenção especial à agricultura familiar. Isso nos dá tranquilidade de atuar no Espírito Santo porque temos experiência em todas as culturas tratadas aqui”.
O modelo de gestão do Sicredi valoriza a participação dos mais de 5,5 milhões de associados, os quais exercem papel de donos do negócio. Com presença nacional, o Sicredi está em 25 estados e no Distrito Federal, com mais de 2.200 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros.
“Não tratamos quem nos busca para tomar crédito apenas como um tomador. Nossos colabores entendem a realidade de cada um e é isso que diferencia a cooperativa, vivenciar o que cada região tem de diferente. As grandes financeiras tem dificuldade de conhecer essa realidade, mas as cooperativas, por estarem próximas dos associados, conseguem fazer um atendimento mais assertivo. Na verdade somos consultores dos nossos associados”, encerrou Márcio. (Por Leonardo Quarto)