O decreto (4605-R), publicado pelo governador do Estado, Renato Casagrande, em edição extra do Diário Oficial nessa sexta-feira (20), e prontamente seguido por prefeitos de norte a sul, determinou o fechamento de estabelecimentos comerciais por 15 dias com o objetivo de evitar a proliferação da doença COVID-19, o Coronavírus. Contudo, após intensa articulação de produtores do Norte do Espírito Santo, lojas de insumos agrícolas e pecuários foram incluídas no grupo de exceção apto a seguir atuando, mesmo que via delivery.
A autorização de funcionamento para este grupo é necessária, uma vez que os insumos agrícolas são vitais para a continuidade da produção de alimentos e também da criação de animais. É o que diz Luciano Rastoldo, sócio proprietário da Linhagro, conhecida pela atuação em Linhares e região.
“Quando foi decidido pelo fechamento do comércio e começaram a discutir sobre quais estabelecimentos ficariam abertos, falou-se muito em supermercados, padarias, farmácias, mas esqueceu-se de quem coloca o alimento nos supermercados é o agricultor e que quem alimenta a planta e cuida da sua saúde somos nós. Só assim podemos garantir que todos fiquem em casa”, declarou.
Rastoldo pondera, contudo, que as empresas devem se adaptar ao momento delicado pelo qual passamos. “Vamos trabalhar com delivery. Assim, criamos um sistema dentro da empresa e, antes de visitar o produtor, fazemos um relatório para saber se realmente há a necessidade de ir a campo. Se ele precisa do engenheiro agrônomo para alguma análise específica da lavoura ou se apenas o fornecimento do insumo já previamente receitado, já é suficiente. Além disso, vamos funcionar com metade do pessoal, evitando duas pessoas ao mesmo tempo em um local fechado. Receberemos o cliente na porta, já com álcool em gel nas mãos. O que não podemos é fechar. Só assim garantimos o funcionamento da agricultura”, explicou.
Quem também atua no setor é José Guilherme Rizzo, proprietário da Defesa Agrícola, que também atua em Linhares e região. Ele reforça que é uma questão de utilidade pública. “Fazemos parte da cadeia de alimentação. Protegemos os produtores para que a população possa receber os alimentos no supermercado. Nossa ausência poderia resultar em desabastecimento. Imagina a confusão que seria”, analisou.
José Guilherme revelou que também fara mudanças em sua empresa para seguir trabalhando neste período de crise. A equipe de campo ficará recolhida por enquanto. Temos de ter o bom senso de não expor nem os produtores nem nossa equipe. O momento é de precauções. Vamos ficar abertos em meia porta e atuar com equipe reduzida para atender nos casos em que produtor necessite”, disse.
Articulação Institucional
A inclusão das revendedoras de defensivos agrícolas entre os estabelecimentos aptos a funcionarem neste período de crise foi concluída em virtude da atuação do deputado estadual Marcos Garcia (PV), junto ao secretário de Estado da Casa Civil, Davi Diniz.
Também produtor rural e vice-presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, o parlamentar relatou que era uma questão humanitária. “Quem produz alimentos não pode parar. O produtor rural trabalha para alimentar as cidades, se eles não tiverem condições de produzir, de nada vai adiantar supermercados e padarias abertos. Da mesma maneira que esse vírus chegou tão forte ao Brasil, uma praga também pode atingir nossas lavouras. As consequências seriam gigantescas. Por isso, a necessidade de mantermos as lojas de insumos agrícolas abertas. Felizmente o governador Renato Casagrande e sua equipe são sensíveis à causa do produtor agrícola e administram com coerência e sabedoria esse quadro tão adverso”. (Redação Revista Procampo)