Pimenta-do-reino do Norte do ES a caminho da Indicação Geográfica

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Foto: Revista Procampo

A pimenta-do-reino, uma das especiarias mais antigas que se tem conhecimento, começou ser cultivada no Espírito Santo há 40 anos. Atualmente a iguaria figura entre as principais culturas do estado. Em 2018 o crescimento da produção foi de 77,1% em relação ao ano anterior. Número que contribuiu para performance do setor agrícola capixaba no ano passado.

A procura de melhorias constantes e maior valor agregado ao preço pago pelo fruto, os produtores de pimenta-do-reino do Norte do Espírito Santo buscam o selo de Indicação Geográfica do produto. Atualmente está em fase de construção do Estatuto da Entidade detentora da IG, bem como a estruturação do Caderno de Especificação Técnica, documento que irá determinar seu regulamento de uso.

O presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), e pipericultor Erasmo Negris, vê com bons olhos a indicação. Para ele os produtores só têm a ganhar. “Para o produtor de pimenta-do-reino será uma excelente oportunidade de entregar um produto que atenda às mais rígidas exigências mercadológicas, trazendo consigo toda uma história que a região Norte do Espírito Santo tem com o cultivo da pimenta-do-reino”, afirma o presidente. Negris disse ainda que por meio da indicação “O produtor cooperado da Coopbac, certamente terá um diferencial competitivo que poderá resultar em maiores ganhos econômicos e financeiros na sua atividade”.

Da esquerda para direita, os pipericultores e representantes do Conselho Fiscal da Coopbac: Fernando Zancanella Bonomo, presidente Erasmo Carlos Negris, Marcelo Magiero e Francisco José Vieira Dantas. Foto: Bruno Motta / Revista Procampo

Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo, (Sebrae-ES), em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo, (Ufes), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, (Incaper), Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré, (Coopbac), Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) campus de São Mateus, a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB-ES), Associação Capixaba dos Exportadores de Pimenta e Especiarias, (Acepe), Instituto de Defesa Agropecuária, (Idaf) e o Instituto de Inovações e Tecnologias Sustentáveis (Inovates). Além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Superintendência Federal da Agricultura no Espírito Santo.

A previsão é que ainda este ano sejam entregues as especificações técnicas ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pelo registro de concessão da Indicação Geográfica.

Garantia de qualidade

Pedro Valério Veloso, analista Técnico do Sebrae-ES, diz que a IG serve de estimulo para os pipericultores produzirem com mais qualidade. “O regulamento que está sendo construído é rigoroso quanto aos quesitos sanidade da pimenta e preservação ambiental. Todos os produtores terão que estar em dia com as certidões ambientais e Cadastro Ambiental Rural (CAR), respeitar às leis trabalhistas e ter responsabilidade socioambiental para produzir e exportar uma pimenta de qualidade. Com certeza tudo isso vai incentivar muito a melhoria da qualidade da pimenta-do-reino”, ressalta Pedro.

Analista Técnico do Sebrae-ES, Pedro Valério Veloso: “A IG serve de estimulo para os pipericultores produzirem com mais qualidade”. Foto: Arquivo pessoal

Produtor há mais de 30 anos, Francisco José Vieira Dantas tem 11 hectares plantados com pimenta-do-reino em sua propriedade, localizada no km 30 da rodovia que liga São Mateus a Nova Venécia, onde produz, em média, 40 toneladas por ano.

Francisco é categórico ao afirmar que, com o crescente aumento no grau de exigência do mercado, os produtores precisam buscar qualidade na hora de produzir pimenta-do-reino, e a IG vai ajudar muito nesse processo. “Os mercados consumidores de produtos e serviços têm ao longo do tempo aumentado o grau de exigência para o consumo. Para atender essas exigências os produtores de pimenta tem que garantir a qualidade essencial do produto, como secar sem queimar a pimenta, minimizar a contaminação por salmonela e adequação no ponto de colheita”, enfatiza o produtor.

“Os produtores precisam buscar qualidade na hora de produzir pimenta-do-reino, e a IG vai ajudar muito nesse processo”, afirma o pipericultor Francisco José Vieira Dantas. Foto: Arquivo pessoal

Mediante a tudo isso Francisco acredita que “a obtenção de uma IG para a pimenta-do-reino resultará em uma maior capacitação do produtor e no atendimento a um nicho de mercado consumidor cada dia maior, disposto a pagar mais por um produto diferenciado”, conclui. (Matéria publicada na 78ª edição da Revista Procampo)

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