As ondas de desenvolvimento e a cacauicultura do Sul da Bahia

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Neste sistema de produção de cacau existente há cerca de 250 anos, a cacauicultura do Sul da Bahia despertou o mundo produzindo uma quantidade significativa de cacau estimulando o interesse de exportadores e processadores a se localizarem na região dando início a segunda onda de desenvolvimento, que chamamos de industrialização. Vieram os Kaufmann, implantando inicialmente o Chocolate Vitória, os Wildberger trazendo as empresas exportadoras e posteriormente as indústrias Barreto de Araújo, a Berkau, a Cargil, a Chadler, a ADM Cocoa, a Nestlé, assim como, através da organização dos produtores locais a Itaísa. Neste ciclo de desenvolvimento produzimos líquor, torta, manteiga e pó de cacau. Iríamos chegar a cobertura do chocolate quando uma série de fatores conjunturais e estruturais desagregaram a economia cacaueira, culminando com a chegada vassoura-de-bruxa provocando um retrocesso sem precedentes dessa economia, com fechamento de fábricas e descapitalização dos produtores.

Atualmente voltando a um estágio de desenvolvimento muito mais forte, porque não estamos com a visão só na matéria-prima, nem tampouco em um chocolate de cobertura ou chocolate de massa. Estamos entrando em uma terceira onda de desenvolvimento que estou chamando de “Customização”. Customização é um substantivo feminino que remete para o ato de customizar e significa personalização ou adaptação. A customização consiste em uma modificação ou criação de alguma coisa de acordo com preferências ou especificações pessoais. Assim, customizar é alterar alguma coisa segundo o seu gosto pessoal. E isto que está acontecendo na cacauicultura do Sul da Bahia, os consumidores estão experimentando o chocolate segundo seu gosto pessoal. E maioria dos consumidores deste produto que é preferência nacional já decidiu saborear um chocolate com alto teor de cacau. Experimentos são realizados através de novas variedades desenvolvidos pela Ceplac e parceiros onde é feita uma análise sensorial do chocolate sobre variáveis importantes, como aroma, sabor, derretimento, dureza, amargor e acidez, sem deixar de lado a localização, o porte, o tamanho dos frutos, o peso total das sementes secas por fruto, nem tampouco a produtividade do cacaueiro. O chocolate é visto como um produto especializado que precisa de profissionalismo para ter sucesso no empreendimento. Para isso a regulamentação de uso da indicação geográfica obtida pela Associação Cacau Sul Bahia é um instrumento valioso para se conseguir uniformidade na qualidade, necessária para uma boa comercialização do produto, principalmente no mercado externo. Porém, obtido esse profissionalismo estaremos no topo do mercado, obtendo um preço mais compensador, pois estaremos agregando valor ao nosso produto. Com uma boa política de crédito rural, os produtores poderão transferir toda a tecnologia gerada pela Ceplac, através de clones de alta produtividade e poderão reviver momentos felizes novamente.

Por Antonio Cesar Costa Zugaib
Engenheiro Agrônomo (Ufba), MS em Economia Rural (UFV), Especialista em Comércio Exterior (FGV/FUNCEX), Técnico em Planejamento da Ceplac e Professor do Departamento de Economia Rural da UESC.
Fonte: Mercado do Cacau

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